Pablo Amaringo (1943-2009).
|
No seio da Floresta
Vi pajés coloridos entoarem cânticos
Índias de prata abrirem estrelas
E entregar suas luzes como oferenda
Para fazer dançar
os príncipes-trovões
No seio da Floresta
Vi o Sol transformar
os pássaros em ouro
Vi raízes e folhas virarem manto
E o leite das árvores dos seringais
Pintarem de branco
os cabelos dos Rios
No seio da Floresta
Vi o Povo da Água emergindo da chuva
Vi o Povo do Fogo sobre os raios do Sol
Vi o Povo da Terra saindo das grutas
E mulheres guerreiras voltando das lutas
No seio da Floresta
Ouvi as vozes das sereias-feiticeiras
Onças aladas movendo-se nas telhas
Ouvi pulsar o coração de uma estrela
No seio da Floresta
Com meu terceiro olho sônico
Movi-me nas densas trilhas de éter
Rumo a um íngreme sonho amazônico.
Niterói, novembro de 2012. Poesia para Rio Branco - Acre.